Por Carol Szabadkai
Nunca fui muito boa com joguinhos amorosos, fazer tipo… Minha sinceridade boba, inocente
– ou mesmo cortante – sempre me deixou em desvantagem. Fui magoada… já magoei com
isso… A verdade pode ser cruel, mas, ao mesmo tempo, é o caminho mais curto para se chegar
exatamente onde quer.
Como confidente oficial das amigas – não sei por quê, mas acabo sempre sendo o “diário”,
até mesmo de quem me conhece faz pouco tempo (ressaltando que eu adoro fazer isso) –
frequentemente dou o mesmo conselho: seja sincera, abra o jogo e deixe as coisas claras. O
que você realmente quer? Pergunte o que ele quer!
Deveria ser óbvio, mas esse conselho constantemente causa surpresa.
Desde o primeiro momento, soube que havia encontrado minha metade e a sinceridade dele
apenas confirmou esse fato:
– Carol, vamos combinar uma coisa? – disse ele, ainda num dos primeiros encontros nossos.
– O que? – respondi com certa apreensão.
– Vamos manter as coisas assim, transparente, sem jogos?
Enquanto eu procurava assimilar o que isso podia significar, ele explicou:
– Não quero fingir que não quero te ligar, esperar a hora certa, o dia certo para isso. Não quero
ter que pensar pra falar ou fazer de conta. Não quero esconder o que eu sinto! Quero poder te
ligar todo dia se tiver vontade e dizer o que vem à minha cabeça.
Sorri aliviada, sabendo que tínhamos mais um ponto em comum. Percebi que estava diante do
verdadeiro “ele”, não uma versão ilusória de primeiro encontro, e passei a amar até mesmo as
coisas em que discordava, porque era ELE, de alma aberta para mim.
– Sem jogos – respondi. – Você não tem noção do quanto eu adoro essa ideia!
Sua sinceridade chegou a superar a minha, pois ele não pensava duas vezes para dizer o
quanto eu estava linda, deixando-me encabulada com seu ar de admiração ou quando não
gostou do meu corte de cabelo – até dei risada com seu desprendimento para dizer a verdade:
“gostava mais do jeito que estava antes”. Em pouco tempo, tudo o que ele dizia tinha um
significado genuíno. Eu sabia que não era somente para agradar que ele dizia que gostava do
formato do meu nariz, que eu nunca gostei. Também sabia que ele não ia fazer tipo, dizendo
que teria muitos compromissos e só poderíamos nos ver depois de um tempo… Fomos logo
nos encontrando todos os dias e lamentando cada despedida. Não fingimos a ansiedade, nem
os medos.
E foi sempre assim, transparente, limpo, sem adivinhações ou indiretas.
Muitos nos perguntam como mantemos, depois de 14 anos, esse aspecto de recém casados,
de namorados que acabaram de se conhecer. Eu daria grande crédito à nossa constante
sinceridade e mania de conversar todos os detalhes, até mesmo – ou principalmente – às
briguinhas de horas, que sempre nos leva ao entendimento alheio.
Por que viver de indiretas? Esperar que o outro adivinhe seus sonhos e os realize? Por que não
indicar um atalho, dizendo exatamente o que espera, para que se possa trabalhar em conjunto
nisso? O relacionamento é um trabalho de equipe, é preciso conhecer muito bem a outra
metade, saber seus próximos passos, para que se mantenha o ritmo, como numa dança ou
um malabarismo – quando largamos a corda e temos certeza de que o outro está com a mão
estendida para segurar.
O verdadeiro “eu”, sempre acaba se revelando, então, ou dá certo, ou não, de uma vez.
Sem jogos. Simples assim.
Evitando surpresas desagradáveis, que em anos serão descobertas, levando ao termino e um
imenso tempo perdido. Montando bases fortes nas verdades, até mesmo nos defeitos – que
fazem parte de qualquer pessoa – dando a chance para uma adaptação à eles… Afinal, se é
pra valer, você ama até aquela mania chata que ele tem, ele ama até mesmo seus acessos de
loucura e o “feliz para sempre” torna-se a realidade de quem conhece sua outra metade como
se fosse a própria.
Sem jogos. Duas almas, a limpo.
Raquel Castro
18/06/2014
Parabéns, Carol. Texto muito cativante e sincero 🙂
Carol
19/06/2014
Obrigada Raquel!
Marco Antonio Rodrigues
21/06/2014
Parabéns! É muito admirável essa relação corriqueiramente natural e espontânea com o outro. Revela uma relação autentica com a vida.
Ainda sou vassalo da coerência e carrego em meu íntimo vestígios de malícia, aspectos que dificultam uma entrega total e destemida.
Belo texto. Abraço.
Carol
22/06/2014
Olá Marco Antônio! Que bom que gostou! Não é fácil ser totalmente sincero, ainda mais no começo, mas um esforço na sinceridade pode deixar outros aspectos mais tranquilos. Vale a tentativa. 😉 Claro, o esforço tem que ser de ambos, ou levamos desvantagem… 🙂 Abraço!
Anna Leticia
26/06/2014
Oi Carol, assim são seus textos… lindos, sinceros e espontâneos. Adoro. Parabéns! Adoro relações sem joguinhos, ou que as regras sejam claras… bjs.
Carol
14/07/2014
Obrigada Anna Letícia! O dia que a sinceridade for o natural das pessoas, o mundo vai viver numa relação bem mais tranquila. 😉 Beijos!
Fran
16/07/2014
Lindo texto,amei.
Carol
11/09/2014
Que bom, Fran! 🙂 Obrigada pelo comentário!